O Encontro Nacional de Pesquisa em Filosofia, evento organizado por alun@s do Departamento de Filosofia da Universidade Federal de Ouro Preto tem o propósito de reunir as mais variadas faces da filosofia nacional em um só local. O evento que ocorre anualmente, trazendo consigo diversas comunicações de grande valia e oportunidades filosóficas imensas, traz também a possibilidade de explorar e conhecer novos campos do conhecimento, com pessoas diversas.
O XV ENPF, em homenagem ao centenário do Institut für Sozialforschung (IfS), popularmente conhecido como Escola de Frankfurt, traz em sua identidade a teoria crítica como fundamento para o principal tópico do ano, que não se limita aí, mas baseia a identidade deste evento de grandes descobertas!
Como parte da homenagem prestada pelo evento, questiona-se: É possível imaginar um mundo melhor? A Teoria Crítica pode surgir como uma opção frente a este questionamento, mas o que, de fato, é a Teoria Crítica?
A Teoria Crítica é uma abordagem filosófica que se desenvolveu principalmente na Escola de Frankfurt, na Alemanha, no século XX. Seus principais expoentes foram pensadores como Max Horkheimer, Theodor Adorno, Herbert Marcuse e Jürgen Habermas. Essa corrente filosófica busca compreender e criticar as estruturas sociais, políticas e culturais, com o objetivo de promover a emancipação humana e a transformação da sociedade. Uma característica fundamental da Teoria Crítica é sua abordagem dialética. Ela enfatiza a importância do diálogo e do confronto de ideias como um meio de compreender a realidade de forma mais completa. Além disso, a Teoria Crítica estabelece diálogos com outras filosofias e correntes de pensamento, a fim de enriquecer seu próprio entendimento e contribuir para um discurso filosófico mais amplo.
Um diálogo possível ocorre entre a Teoria Crítica e o existencialismo. Ambas as abordagens compartilham uma preocupação com a condição humana e a busca pela autenticidade e liberdade individual. Enquanto a Teoria Crítica analisa as estruturas sociais e políticas que restringem a liberdade, o existencialismo enfatiza a responsabilidade individual e a capacidade de escolha diante das limitações impostas pela existência. Juntas, essas perspectivas podem fornecer uma compreensão mais abrangente dos desafios enfrentados pelos indivíduos na sociedade contemporânea.
Outro diálogo frutífero é estabelecido entre a Teoria Crítica e a fenomenologia. A fenomenologia, desenvolvida por filósofos como Edmund Husserl e Maurice Merleau-Ponty, concentra-se na experiência subjetiva e na maneira como percebemos e interpretamos o mundo. A Teoria Crítica pode se beneficiar dessa abordagem ao examinar como as estruturas sociais moldam nossas percepções e experiências, bem como ao explorar as possibilidades de uma ação transformadora baseada em uma compreensão mais profunda da realidade vivida.
Além disso, é possível estabelecer diálogos entre a Teoria Crítica e outras correntes filosóficas, como o feminismo, e a teoria pós-colonial. Essas abordagens críticas compartilham a preocupação com a opressão, a dominação e a exclusão presentes nas estruturas sociais e culturais. Ao dialogar com essas perspectivas, a Teoria Crítica pode ampliar sua compreensão das diversas formas de injustiça e contribuir para a luta por uma sociedade mais igualitária e inclusiva. Em suma, a Teoria Crítica se distingue por sua abordagem dialética e pela disposição em dialogar com outras correntes filosóficas. Esses diálogos ampliam sua capacidade de análise crítica e enriquecem o entendimento das complexidades da sociedade e da condição humana, oferecendo caminhos para a transformação e a emancipação.